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É recomendado pôr o bebé a arrotar depois de mamar?

7 Fev 2024 - 10:28
verdade-mas

É recomendado pôr o bebé a arrotar depois de mamar?

Encostar o bebé num dos ombros, numa posição vertical, e dar-lhe pequenas palmadas nas costas à espera que a criança liberte algum ar é uma das técnicas usadas para pôr o bebé a arrotar depois de mamar. Este é um hábito que atravessa gerações, mas será recomendado? E quando o bebé não arrota é sempre mau sinal? 

Devemos pôr o bebé a arrotar depois de mamar? Porquê?

Em declarações ao Viral, o pediatra Vasco Carvalho adianta que a recomendação é, de facto, pôr o bebé a arrotar depois de mamar

Segundo o médico, “a razão para promover o arroto após a amamentação advém da convicção de que, não o fazendo, o bebé acumulará gases no estômago”. 

No mesmo sentido, num texto informativo publicado no site da UNICEF, explica-se que, durante a amamentação, “quando o bebé engole, as bolhas de ar podem ficar presas no estômago e causar desconforto”. 

Assim sendo, lê-se no mesmo texto, o arroto “permite que o bebé remova alguns desses gases para aliviar a dor”.

Esse ar acumulado no estômago também pode provocar “uma maior tendência para bolçar e afetar potencialmente o sono”, aponta Vasco Carvalho.

O pediatra refere ainda que “os bebés podem precisar de arrotar após a amamentação até cerca dos 4 a 6 meses”. Depois, “com o crescimento, o sistema digestivo adapta-se, diminuindo a necessidade de arrotar com a mesma frequência”, sustenta.

Qual a forma correta de pôr o bebé a arrotar? 

Na perspetiva do médico, “não existe uma única forma correta” de pôr o bebé a arrotar. No entanto, “a mais comum, e que normalmente funciona, consiste em manter o bebé em posição vertical, apoiando sempre a cabeça e o pescoço do bebé, garantindo que a barriga e as costas não ficam curvadas”, explica. 

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De seguida, prossegue o especialista, “com suaves palmadas nas costas, espera-se que o ar saia naturalmente”. Por norma, aponta, “não é necessário passar muito tempo no processo, bastando uns minutos até se ouvir o arroto”.

Segundo um texto informativo do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS), existem ainda duas outras formas eficazes de pôr o bebé a arrotar. Cada cuidador é aconselhado a experimentar uma das três formas e escolher a que funciona melhor (ou uma combinação de várias).

Por um lado, recomenda-se sentar o bebé ao colo, de costas para o cuidador. Depois, deve-se encostar “a palma da mão ao peito do bebé e apoiar o queixo e o maxilar” – sem fazer “pressão na zona da garganta” -, inclinar “ligeiramente o bebé para a frente” e com a mão livre esfregar ou dar “palmadinhas nas costas do bebé”, refere-se.

Outra técnica possível é deitar “o bebé no colo, virado para baixo”, apoiar “o queixo do bebé” – mais uma vez, sem fazer “pressão na zona da garganta” – e, com a outra mão, massajar ou dar palmadinhas.

É sempre necessário que os bebés arrotem depois da amamentação?

A resposta dada por Vasco Carvalho é “não”. Tal como explica o pediatra, “nem todos os bebés necessitam desta prática, sendo importante observar os sinais e o nível de conforto do bebé para determinar se o arroto é necessário após cada amamentação”.

Que sinais são esses? Quando o bebé demonstra desconforto, “por exemplo, se mostra inquieto e/ou afasta o peito, ou o biberão, poderá ser benéfico promover o arroto”. 

No entanto, “há bebés que libertam naturalmente esse ar engolido sem qualquer assistência, mesmo durante a amamentação, não havendo necessidade de os colocar em posição própria para promover o processo”, defende o pediatra.

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Aliás, até é possível que o bebé adormeça durante a amamentação, mas, nesse caso, na visão do médico, “não se deve acordar o bebé para o obrigar a arrotar”. 

“O que se pode fazer é verticalizar o bebé após a amamentação e colocá-lo na posição previamente referida para ele arrotar, o que pode eventualmente até acontecer com ele a dormir”, clarifica.

Portanto, a ausência de arroto “não é necessariamente mau sinal”, defende o pediatra. 

“Uma vez que nem todos os bebés precisam de arrotar após amamentação, o não arrotar, isoladamente, não é um indicador de que algo está mal”, reforça.

Contudo, Vasco Carvalho considera importante referir que “o arroto excessivo ou ausente pode ser indicativo de doença no bebé, se estiver associado a sinais de alarme”.

Segundo o médico, “vómitos em jato, choro e irritabilidade marcadas, por vezes, com arquear das costas e má progressão ponderal (o bebé não ganha peso adequadamente)” são sinais de que “o bebé deve ser observado pelo seu pediatra”.

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Em suma, é verdade que se deve pôr o bebé a arrotar após a refeição, mas a ausência de arroto não é, por si só, um sinal de alarme. Por isso, não é “obrigatório” que os bebés arrotem sempre após a amamentação.

*Artigo atualizado às 10h39 de 7 de fevereiro de 2024: Por lapso, o artigo estava assinalado com o carimbo “Falso”. Não foram feitas alterações no conteúdo do artigo, apenas o símbolo da imagem de destaque estava errado

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7 Fev 2024 - 10:28

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